domingo, 25 de abril de 2010

Fire Map



O que eu acho mais legal nesta representação da paixão - sim, é o fogo da paixão, é a sequência do que se encobre e do que se descobre.

domingo, 18 de abril de 2010

Quando só os olhos falam

Benjamín e Irene: amor de uma vida, sem um único beijo. Só os olhos falavam.

Acabei de assistir o estupendo O Segredo dos seus Olhos (El Secreto de sus ojos, 2009), filme argentino ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro. Não vou fazer aqui uma crítica ao filme. Pra isso tem o link.
Digo apenas que foi mais que merecedor do prêmio e que o cinema brasileiro continua sendo uma vergonha diante do talento dos vizinhos.
Eu quero falar mesmo é da importância do olhar. A história trata disso, dos olhares que envolvem todo o drama do amor que não se verbaliza e do suspense que não se revela.
Os olhos traem toda e qualquer atitude humana e tem canal direto com a alma. Desconheço alguém absolutamente perfeito na arte de enganar com os olhos. Todos os gestos, todos os trejeitos, todo o verbo podem contar mentiras a si próprio e aos outros. Mas os olhos, nunca.
Eles derrubam a voz, desdenham a consciência, subvertem os atos. Por isso é tão complicado olhar "dentro" dos olhos de alguém. Temos medo de sermos descobertos em segredos que nem conhecíamos em nós mesmos. Ou de descobrirmos segredos alheios. 
Saber olhar é um exercício do viver. Porque há sentido no modo como se fixa ou se move os olhos e uma expectativa da forma como se é interpretado. Se há correspondência, negação, crítica, aceitação, cumplicidade. No fundo, tudo isto importa.
Tenho três blogs e, em cada um deles, tenho olhares distintos. Estes olhos da foto aí em cima são os meus. Olhos sobre tudo, abertos, mas de lado. Olhar de observação, antes do discurso. Em outro blog, mais pessoal ainda, o olhar é para baixo, em direção ao chão.  Porque lá falo de coisas que ferem, que nem sempre quero ver ou quero que me vejam quando as sinto. E no terceiro blog a foto do perfil mostra um olhar descolado, também pro lado, menos íntimo, alegre. Não pensei exatamente com esta lógica quando defini as fotos. Mas certamente eu quis assim. 
O filme disse muito mais do que isto, certamente. Mas isto foi o que vi, pra onde olhei. E cinema é assim mesmo: fica o que mais nos impressiona.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O quanto se pode fazer em 10 anos? Um livro.

Dez anos. O tempo da reedição em linotipia de um Pictorial Websiter. Aquele dicionário cheio de figuras onde nossos bisavós e avós aprendiam mais sobre tudo. O vídeo mostra como Johnny Carrera reproduziu um destes exemplares, passo a passo, usando os recursos da antiga tecnologia. A edição era de 1898.
Ele encontrou o livro por acaso, em 1995, embaixo da poltrona do avô. O tratamento dos detalhes, o cuidado, o projeto, da impressão à costura e capa feitos à mão, tudo é primoroso.
Carrera foi fazendo o livro em seu tempo livre. O resultado é absolutamente encantador.
Adoro este vídeo porque há um exercício da observação da paciência e da minúcia. Há beleza. Do muito que passa aos nossos olhos durante o dia, pouco vemos. É interessante reduzir o ritmo do olhar, como se assiste a um filme francês. Esse é o efeito.
Claro, adoraria ter uma edição desta. Mas tenho por aqui um dicionário tradicional, herança da minha mãe que guardamos como jóia da família. Ainda em ótimo estado. Todas as páginas no lugar, amarradinhas, capa de couro perfeita, páginas amareladas, mas sem uma dobra.
Ainda bem, porque ao contrário do Carrera não entendo nada de processos gráficos e ficaria tristíssima se o perdesse.
Ah, sim. A dica deste vídeo veio pelo Twitter, do não-sei-quem-falou, meninos geniais que amam desenhos, figuras, palavras, poemas, sonhos...