sábado, 14 de novembro de 2009

E vamos fazendo telhado


Capa da 1ª ed. de Pau-brasil, 1925, por Tarsila do Amaral

O Caderno 2 do Estadão publicou um artigo do Zé Celso Martinez Correia genial: Tropicália, sob o signo de escorpião. O texto vai em resposta a Caetano que chamou Lula de 'analfabeto, cafona e grosseiro' para abrir seu voto a Marina Silva, a quem acha linda porque fala bem.
Destesto comentar o discurso de Caetano. Ainda mais o que resulta da metralhadora giratória - destrambelhada, incoerente e não muito raramente débil - dos últimos anos.
Não acho Caetano polêmico, acho ele um saco, um equívoco como pseudo-analista de tudo. E o pior é que ele sabe que diz merda. Tanto que, neste espisódio me saiu com uma emenda pior que o soneto: "Lula é analfabeto, mas brilhante".
Devia ter ficado mudo. E ainda tentou dizer que não foi entendido pela jornalista Sonia Racy e por Nelson Motta. E nem por brasileiro algum. Todos entenderam o que ele disse e não o que não disse e agora diz que quis dizer.
Mas o melhor deste furdunço foi a oportunidade de Zé Celso escrever sobre o assunto, já abrindo seu voto a Dilma, numa extensão do reconhecimento ao país da era Lula. Que é o cara mesmo. Com erros (muitos), acertos (muitos) e todo o resto que sabemos.
Pra mim, pra Zé Celso e pra seu Zé lá do interior, que diz abertamente que vota em um cachorro se Lula estiver junto, o presidente "ignorante" pra Caetano é um cara que merece respeito.
Até por ter sido analfabeto e pouco culto. Contem aí os presidentes com este perfil que transformaram um país do tamanho do Brasil. Não dá pra negar isso. Eu não voto em Dilma, por enquanto. Não voto por causa dela mesma, a quem considero insuportavelmente arrogante, sem carisma. Uma mala sem alça.
Lula é non sense sem cerimônia alguma. É, no teatro o palhaço, que ri de si mesmo, como diz Zé Celso. Diz bobagens, mas sabe o que faz. Erra, é claro. Mas acerta muito e colocou o lixo herdado de Fernando Henrique, o "intelectual", na lata.
Zé Celso termina o artigo citando, de maneira muito pertinente a Oswald de Andrade, em Pau-brasil e, por isso faço a alusão no título do post. No que me cabe como cidadã da Terra Brasilis vejo um povo que está aprendendo a plantar mio, pra comer mió e poder fazer mais teia pra construir o teiado.
Caetano que se morda com sua intelectualidade gasta, superada e equivocada, que nega o sentido da Tropicália que o projetou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário